sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Minha Vida


Há algum tempo deixei de escrever neste espaço... mas deixando a preguiça de lado, vim falar um pouco sobre a minha vida...


Tenho 30 anos, mas é claro que não vou falar sobre cada um deles... vou falar sobre como tudo começou... em Maio de 1977, aconteceu um casamento na cidade de Icaraíma – interior do Paraná, dessa união entre Sebastião Inacio e Maria Mendes uma nova vida foi formada... SIM a Minha Vida... antes mesmo de iluminar o mundo com minha existência, muitas pessoas esperavam por mim, meus pais e avós... meus irmãos e irmãs aguardavam ansiosos pela chegada de um novo bebe na família...


Nesse tempo, em Icaraíma, os recursos médicos não eram tão avançados, e durante o acompanhamento do pré-natal, minha mãe às vezes apresentava uma alteração na pressão arterial, nada tão sério, até que um determinado dia... o inesperado aconteceu, minha mãe passou muito mal, sua pressão arterial estava muito alta e o inevitável aconteceu... Eclampsia.


No hospital da cidade não tinham como cuidar dela, foi então encaminhada á Umuarama, cidade “grande” que fica a 80km, para o Hospital São Paulo, sem ambulância para levá-la, meu Pai a colocou no carro, e junto com minha avó, a levaram para que tivesse um melhor atendimento médico... O pânico tomava conta deles a cada vez que minha mãe tinha uma convulsão. Meu pai tinha perdido a primeira esposa há pouco tempo, e agora parecia que tudo se repetia e enquanto ele dirigia o mais rápido que podia rezava pedindo que Deus não o fizesse passar por isso novamente...


Ao chegar no hospital, quase entrou porta adentro com carro e tudo, um funcionário apareceu para dizer que ele não podia parar ali, e a única coisa que saia de sua boca era: gente, por favor ajudem, minha mulher esta morrendo!


Ela prontamente foi atendida, permaneceu em coma durante a internação, estava no 6º mês de gestação, alto risco, tanto para a mãe quanto pra o bebê e nesse momento era preciso tomar uma decisão muito importante... era necessário fazer a indução do parto, o risco de morte para ambos era muito grande, então o médico explicou tudo a meu pai, e disse a ele que ia tentar salvar pelo menos a minha mãe.


A medicação fez efeito, o médico avisou que o Natalino ou a Natalina iria nascer e assim, eu nasci... 22 de Dezembro de 1978, as 17h30, com 1,200Kg, e 32cm. Fui direto para a incubadora e minha mãe foi encaminhada para Maringá ainda em coma, sem nem ter idéia do que tinha acontecido.


Enquanto minha mãe era tratada em um hospital de Maringá, os médicos cuidavam de mim em Umuarama, meu pai em uma dessas viagens entre as cidades, passou no hospital para me ver, e pediu que encontrassem alguém da capela. Uma irmã apareceu, ele pediu água, toalha, e disse que iria me batizar, pois ele tinha medo que eu não “vingasse”. Meu pai sempre conta essa parte da minha vida, foi um momento muito marcante na vida dele, eu tão pequenina, cheia de fios, cabia na palma da sua mão, ele jogou a água na minha cabeça: “Natalina, eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!”. Ele disse que nessa hora eu virei a cabeça e olhei pra ele, meus olhos pareciam jabuticabas... e a irmã que estava junto disse: “que benção, olhe ela vai viver!”.


Minha mãe logo depois do Natal, saiu do coma e ainda achava que estava grávida, quando viu que estava sem barriga, achou que tinha perdido o bebê, então meus avós e meu pai foram explicando pra ela tudo que tinha acontecido. Quando já estava melhor voltou pra casa, tinha muita gente esperando por ela, os enteados, a família, as crianças da catequese, ela sempre fora uma pessoa muito querida de todos, e durante esses momentos difíceis que ela passou, as pessoas se reuniam e rezavam pela saúde dela e da filha.


De seqüelas do derrame, minha mãe perdeu os movimentos do lado direito, teve que aprender a se virar com o lado esquerdo, ela não conseguia nem mesmo caminhar, e eu continuava internada no hospital. Meu pai dizia a ela que quando ela caminhasse sozinha ele a levava até o hospital para me ver, pois ele achava que eu iria sair logo, então não tinha necessidade de levá-la até lá. Mas minha mãe tinha outros planos, fez um esforço tremendo e conseguiu levantar sozinha, foi até a sala caminhando... arrastava uma perna, mas pelo menos conseguia se segurar, quando a viram, todos se assustaram... ela olhou pro meu pai e disse: “agora quero ver milha filha”.


Sem opção de escolha meu pai a levou até Umuarama para me ver. Assim ela foi, meu pai de um lado, minha avó do outro a apoiando, minha irmã Lúcia colocando o sapato de volta no pé dela cada vez que ele saia, ela entrou no hospital... os funcionários vinham vê-la, pois achavam até que ela tinha morrido, ela foi até a UTI, a enfermeira me pegou no colo, e disse: “olha quem chegou, a mamãe veio até aqui só pra ver você”, minha mãe assustada porque eu tinha tantos fios, sonda no nariz, e era tão pequena. “quer pegá-la?”, minha mãe disse que não, pois não tinha firmeza nas mãos, na mesma hora, minha irmã Lucia com apenas 11 anos sentou-se numa cadeira e disse: “põe aqui, põe aqui que eu pego”.


26 dias se foram desde o dia em que nasci, até o dia que cheguei em casa, fui recebida com muita festa, com muito amor e carinho, muito paparico... Agradeço a Deus todos os dias por minha vida, pela recuperação da minha mãe, e pela união da família que tenho.

3 comentários:

Natthy disse...

nossa q relato mais lindo....
fiquei emocionada mesmo
vc é uma vitoriosa desde qdo nasceu heim?!
parabéns!!!!!!!!

Andanhos disse...

Também fiquei muito emocionada!
Cada obstáculo vencido nos torna mais fortes.
Beijos e felicidades.

Camis disse...

Nossa, que história linda!!!
Beijos querida!!